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Universidade Federal do Ceará
Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade

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Do que precisam as micro e pequenas empresas cearenses para sobrevivência até fevereiro de 2021?

Publicado em: 27/05/2020

Autor: Paulo Matos – Diretor FEAAC/UFC

O SEBRAE realizou uma nova pesquisa, de 30 de abril a 05 de maio, com mais de 10 mil micro e pequenas empresas em todo o Brasil. Observando as respostas das quase 300 empresas cearenses consultadas pelo SEBRAE, metade interrompeu temporariamente suas atividades e 3% fecharam de vez, já. O faturamento caiu em 88% das empresas, e na média essa queda foi de 60%. Cerca de 45% possuem funcionários com carteira assinada e dentre estas, 1/3 já demitiram após o isolamento e na média, foram duas demissões por empresa. É preocupante evidenciar os primeiros impactos da atual pandemia nos indicadores de falências, desemprego e gestão do caixa.

Outros números desta pesquisa são fundamentais na condução de políticas públicas. Por exemplo, ao serem questionadas sobre que medidas do governo são mais importantes, elas estabelecem a seguinte ordem: 1) empréstimos sem juros, 2) auxílio financeiro e 3) melhores linhas de crédito. Em outra pesquisa do SEBRAE em abril, na média as empresas conseguem ficar fechadas e ainda assim ter dinheiro para pagar as contas por aproximadamente 22 dias.

Assim, já é possível definir como prioridade de curtíssimo prazo fortalecer o caixa. Isso pode ser feito via redução de custos fixos ou redução da janela de tempo entre pagamento de fornecedores e recebimento do cliente. É fundamental ainda fortalecer o caixa através de crédito desburocratizado e com juros próximos de zero, se possível, até por que 1/3 das empresas responderam estar em situação de atraso ou inadimplência. Porém, esse recurso, que um dia precisará ser pago de volta, deve ser investido de imediato no pagamento de fornecedores e de salários, sendo exigido como colateral pelo banco não uma garantia qualquer, mas o compromisso de evitar demissões. Neste contexto, as empesas precisam de assessoria sobre aspectos trabalhistas, pois 40% não sabem como implementar a flexibilização das novas regras do governo.

No médio prazo, um feedback das empresas consultadas pelo SEBRAE sugere que 45% alegam só saber como funcionar de maneira presencial e 12% dizem que poderiam atender de maneira remota seus clientes, mas não dispõem de infraestrutura em termos de tecnologia. Ou seja, mais da metade das micro e pequenas empresas no Ceará se tiverem assessoria e recurso podem passar a surfar nessa onda on-line a assim e oferecer seus produtos e serviços pelas redes sociais – o futuro antecipado pela pandemia.

Por fim, em um horizonte de tempo também próximo, as empresas precisarão de auxílio e recurso para implementar um marketing revisitado, observando atentamente os protocolos de reabertura, pois a punição por este desrespeito não será via fiscalização pelo estado, mas virá através da perda de clientes. Como se vê, as empresas de menor porte não querem necessariamente dinheiro a fundo perdido, mas melhores condições para sobreviver e recurso para isso já começa a aparecer em maior escala. Medidas do Banco Central ampliaram algumas linhas em mais de R$ 40 bilhões e flexibilizou os critérios da gestão de risco de carteiras específicas dos bancos, que dispõem de cerca de R$ 230 bilhões.

O outro lado da moeda consiste no treinamento que as empresas sinalizam necessitar em diversos pilares indispensáveis para a sobrevivência durante e depois esta crise mundial. Neste ponto, o SEBRAE, as universidades, as consultorias e demais empresas serão essenciais.

Somente assim, as mais de 240 mil empresas de comércio e as mais de 200 mil de serviços, todas de micro e pequeno porte, por exemplo, poderão chegar vivas ao final do interstício de 10 meses, período esse apontado pelas empresas como sendo o necessário para a economia voltar ao “normal”.

 

 

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